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Showing posts from 2018

"Outros jeitos de usar a boca" de Rupi Kaur

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"Não sei por que me rasgo pelos outros mesmo sabendo que me costurar dói do mesmo jeito." "Outros jeitos de usar a boca" (título original "Milk and Honey"), trata-se de uma antologia de poemas, prosas e ilustrações escritos pela indiana Rupi Kaur. A autora é uma famosa instapoem  - termo designado aos que publicam poemas no instagram -, e em seus poemas, a autora trata de assuntos como feminismo, sexualidade, abuso, relacionamentos, inveja, compaixão, vida. "A solidão é um sinal de que você está precisando desesperadamente de si mesma" Nascida em 05 de outubro de 1992 na Índia, a família de Rupi migrou para o Canadá quando ela tinha apenas 4 anos de idade. Hoje, aos 25 anos, a menina é um destaque mundial e tem sido muito apreciada por leitores brasileiros também. E, não é difícil entender o porquê. Além da jovem abordar assuntos muito pertinentes aos dias de hoje, em que mulheres tem lutado por igualdade e respeito ao seu corpo e se

[Conto] "Êxtase (ou Felicidade)" de Katherine Mansfield

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Katherine Mansfield nasceu em 14 de outubro de 1888 na Nova Zelândia, e faleceu em 1923 aos 34 anos de tuberculose. Ela era filha de pais ingleses, e por isso, mudou-se para Londres em sua juventude. Ela tinha uma vida boêmia, com muitos relacionamentos passageiros com homens e mulheres. Fora casada uma vez, por poucas semanas, e logo se divorciou. Ainda em vida, Katherine fez nome por conta de seus contos belíssimos. Tanto que Virginia Woolf declarou os textos de Mansfield foram os únicos que ela invejara.  Dentre as obras de Katherine Mansfield mais famosas, encontra-se o conto "Bliss" que fora traduzido como "Êxtase" por Mônica Maia na edição lançada pela Record chamada "15 contos escolhidos de Katherine Mansfield", cuja seleção de contos foi feita por Flora Pinheiro. Porém ele também ser encontrado com a tradução de "Felicidade" em outras edições. Este conto que é um dos mais famosos e admirados da autora foi escrito em 1918 e

"À procura de Audrey" de Sophie Kinsella

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"Não vai ser para sempre. Vai ficar no escuro pelo tempo que precisar, então vai sair." Audrey é uma adolescente - não lembro exatamente a idade, mas tem por volta de seus 14 anos, se não me engano - que após sofrer bullying na escola desenvolve alguns doenças psicossomáticas como: transtorno de ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada e episódios depressivos. O que significa que Audrey não consegue sair de casa e falar com mais ninguém além das pessoas de sua família, seu pai, seu mãe, seu irmãozinho mais novo e seu irmão mais velho, Frank. Ela também não faz contato visual com absolutamente ninguém e por isso usa óculos escuros o tempo todo. Sobre a família de Audrey eu defino da seguinte forma: a mãe é histérica, chatíssima e não dá ouvidos aos filhos. Ela se acha certa, ou melhor, acha que qualquer revista sabe mais sobre seus filhos do que ela mesma. Sério, ela me irritou bastante!  Ela parou de trabalhar depois do aconteceu com Audrey, mas

"A sangue frio", de Truman Capote

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"Não sei por quê", disse ele, como se aproximasse a pedra da luz e fizesse girar, procurando outro ângulo. "Eu estava danado com Dick. O garoto durão. Mas não foi por causa dele. Nem do medo de ser reconhecido. Eu estava disposto a correr o risco. Nem por causa de nada que algum dos Clutter tivesse feito. Não me fizeram mal nenhum. Ao contrário de outras pessoas. Ao contrário de tanta gente que me fez mal a vida inteira. Mas talvez os Clutter estivessem destinados a pagar por tudo." Truman Capote (autor de "Bonequinha de Luxo") gabou-se ao lançar "A Sangue Frio" de ter criado um gênero literário, o "romance de não-ficção". E esta foi apenas uma das polêmicas que ladeia a obra de Capote. Um dia Capote estava lendo o jornal quando viu a matéria sobre uma família no Kansas que fora brutalmente assassinada e resolveu escrever sobre o acontecimento. Junto com sua amiga Harper Lee (autora de "O sol é para todos), ele fez as m

"O grande Gatsby" de F. Scott Fitzgerald

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"E assim prosseguimos, barcos contra a corrente, arrastados incessantemente para o passado." Nick Carraway acaba de se formar e decide mudar-se para a baía de West Egg, uma província perto de Nova York, em uma casinha modesta rodeada por mansões.  Ao seu lado, encontra-se a mansão mais badalada da região, onde festas extravagantes ocorrem todas as noites e cujas portas são abertas a todos que queiram participar. Trata-se da mansão do misterioso Sr. Gatsby. Tudo o que se sabe sobre Gatsby são boatos - alguns dos mais absurdos - sobre como ele conquistou tamanha riqueza. Curioso, Nick resolve participar das festas e acaba que por conhecer o anfitrião. O que Nick descobre ao conhecer Sr. Gatsby é que este um interesse especial em sua prima, Daisy. Ele e Daisy se conheceram anos antes de Daisy se casar e Gatsby enriquecer, quando ainda era um oficial da marinha em início de carreira. Contudo, ela se casa com o famoso, rico e mulherengo tenista, Tom Buchanan. Desiludido

"A vendedora de livros" de Cynthia Swanson

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"Penso no que envelhecer significa. Todos aqueles que você amou quando era jovem passam a ser apenas fotos numa parede, palavras numa história, lembranças num coração." Kitty Miller tem 30 anos, é solteira e mora com seu gatinho Aslan em um pequeno apartamento. Ela é ex-professora, e agora é dona de uma livraria em Denver - CO, junto com a melhor amiga, Frieda Green. A livraria, infelizmente, tem pouco movimento e por isso passa por uma grave crise financeira da qual Kitty e sua amiga não sabem o que fazer para solucionar. Elas vivem um dilema, fechar a loja de vez ou fazer um empréstimo e abrir a loja em lugar de maior movimento como um shopping? Porém como conseguir este empréstimo? Nesse universo, além de problemas financeiros, Kitty não vê muita perspectiva em suas relações amorosas. Em sua última tentativa de iniciar um relacionamento, Kitty "levou um bolo" do pretendente e agora prefere ficar sozinha mesmo. O lado bom desta vida é que Kitty é muito pró

"Matilda" de Roald Dahl

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Matilda é uma menininha de inteligência excepcional. Com apenas um ano e meio de idade já falava perfeitamente e possuía um vocabulário tão amplo quanto um adulto; aos três anos já tinha aprendido a ler e aos quatro frequentava a biblioteca da cidade. Antes de ter idade para frequentar a escola, ela já tinha lido todos os livros infantis da biblioteca e muitos dos clássicos adultos, como as obras de Charles Dickens, Jane Austen, Ernest Hemingway, George Orwell e outros. Os pais de Matilda não aprovavam o comportamento da menina e a consideravam estranha por preferir ler a assistir televisão. - Papai, será que você pode me comprar um livro? - ela pediu. - Um livro? - o pai se espantou - Para que você quer um livro? - Para ler, papai. - Mas e a televisão? Compramos uma TV linda, de doze polegadas, e você vem me pedir um livro! Você anda muito cheia de vontades, menina!"  (pág. 06) O pai dela, Sr. Losna é um vendedor de carros dos mais pilantras que adora contar vanta

"O apanhador no campo de centeio" de J. D. Salinger

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What really knocks me out is a book that, when you're all done reading it, you wish the author that wrote it was a terrific friend of yours and you could call him up on the phone whenever you felt like it. That doesn't happen much, though." (O que realmente me impressiona é um livro que, quando você termina de lê-lo, você deseja que o autor que o escreveu fosse um tremendo amigo seu e que você pudesse ligar para ele sempre que tivesse vontade. Entretanto, isso não acontece com muita frequência) - tradução livre. Há muitos que amam este livro da mesma forma que o protagonista descreve, de tal maneira que gostaria de ser um grande amigo do autor. E há aqueles que detestam esse livro, por diversas razões que pretendo explicar nesta resenha também. Apesar de dizerem por aí que este é um tipo de livro que se ama ou se odeia, acredito então que eu seja uma exceção. Não amei a ponto deste livro ter se tornado meu favorito, mas também estou bem longe de ter

"Canção de Ninar" de Leila Slimani

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"A solidão se revelou como uma fenda imensa em que Louise se viu afundar. A solidão que colava em sua pele, em suas roupas, começou a moldar seus traços e deu a ela os gestos de uma velhinha. A solidão aparecia no seu rosto no fim do dia, quando a noite cai e chegam os ruídos das casas onde vivem muitas pessoas. A luz diminui e o rumor chega; os risos e as respirações, até mesmo os suspiros de tédio." "Canção de Ninar" é um livro que já começa de forma impactante. Logo no primeiro parágrafo, você tem a descrição de uma mãe que ao chegar a sua casa, depare-se com seus filhos mortos no banheiro pela babá que tentou suicidar-se. Cena funesta, aterradora. E que nos prende pela curiosidade, o que levou esta babá a matar duas crianças inocentes?  A narrativa volta no tempo para nos contar essa história. A começar por Myriam, a mãe das crianças, que formada em Direito e com grande potencial para se destacar em sua área, engravida e dá a luz ao seu primeir